Como se configura o trabalho da Psicologia com os adolescentes do Ensino Médio público? Quais são as possibilidades e desafios presentes aos profissionais que se inserem nesse campo de atuação, sobretudo quando assumem uma perspectiva crítica? Com a finalidade de promover reflexões acerca desses e de outros questionamentos, a presente dissertação compreende a prática da orientação profissional como uma ferramenta que pode promover o desenvolvimento de jovens do ensino médio, não apenas como um conjunto de técnicas para se chegar a uma escolha, mas como espaço de compartilhamento e transformação.
Esta pesquisa-intervenção foi desenvolvida com estudantes do 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública estadual, localizada na periferia de uma grande cidade no interior de São Paulo. Foram realizados encontros semanais que envolveram a apreciação e a produção de diferentes materialidades artísticas, a saber: filmes, fotografias, pinturas, músicas e desenhos; além de oficinas com profissionais que atuavam em áreas de interesse dos estudantes.
Os resultados revelaram que as interações entre o psicólogo, a professora e os adolescentes, refletindo sobre as relações cotidianas presentes no espaço da escola pública, impactaram na constituição do interesse e da participação dos alunos em suas atividades. A concepção de trabalho, para os jovens dessa pesquisa, esteve diretamente associada a uma visão pragmática, sobressaltando o esforço individual em detrimento do coletivo.
Conclui-se, portanto, que o interesse dos adolescentes pelos conteúdos veiculados no interior do contexto escolar se desenvolve nas interações mediadas por elementos como a curiosidade, aproximação, disponibilidade, respeito, implicação e reconhecimento. O uso de diferentes expressões artísticas mostrou-se como potente instrumento de ação do psicólogo, capaz de produzir reflexões que resultam na ampliação da consciência.
Artigo 
