A presente pesquisa teve como objetivo investigar, a partir de uma intervenção em escola pública, práticas psicológicas que podem promover mudanças de posicionamento dos estudantes do Ensino Médio no enfrentamento das opressões vivenciadas em seu cotidiano.
Sustentada nos pressupostos teórico-metodológicos da Psicologia Histórico-Cultural, esta pesquisa-intervenção realizou encontros, entre 2016 e 2018, com adolescentes do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Médio público de uma escola estadual localizada em um município do interior do estado de São Paulo, além de quatro entrevistas semiestruturadas com os ex-alunos egressos da escola em que foram desenvolvidas as atividades. Os encontros tiveram frequência semanal e duração de 1h 30min, onde foram utilizadas estratégias de roda de conversa, apreciação e produção de diferentes materialidades artísticas, como filmes, fotografias, pinturas, desenhos, músicas, poemas, etc; e oficinas com profissionais convidados. Já as entrevistas foram realizadas remotamente, via plataforma online de vídeochamada, com duração de 60 minutos.
As fontes de dados utilizados para construção da análise foram: registros em diários de campo produzidos pelo psicólogo-pesquisador, produções em textos e desenhos elaborados pelos adolescentes durante os encontros e falas e expressões dos participantes nas entrevistas semiestruturadas.
Os resultados foram organizados e analisados em dois eixos: (1) A estrutura e a dinâmica da opressão na escola, em que foi discutida a dinâmica das relações empreendidas no cotidiano escolar e o seu impacto na percepção dos adolescentes sobre si e o mundo; e, (2) práticas psicológicas para promoção de uma escola mais justa e igualitária, onde foram abordadas as ações do psicólogo escolar que favoreceram a mudança de posicionamento dos adolescentes em relação às suas condições de vida.
Conclui-se que em um contexto marcado pelo autoritarismo, a falta de espaços dialógicos para expressão dos sujeitos intensificava a reprodução de ações sustentadas pelo medo e discriminação que resultavam no afastamento, desobediência, oposição e resistência entre os atores escolares. As ações do psicólogo escolar no trabalho com os adolescentes, quando mediadas pelo diálogo e pela reflexão, favoreceram um posicionamento ativista transformador dos estudantes na medida em que se direcionaram à formação do coletivo e à construção de novas perspectivas de futuro.